Levei dias para escrever esse post, pensei em uma página em branco, pois quando se fala de morte, palavras me faltam, o modo certo de expressar o que se sente é com um abraço, daqueles bem apertados que vem com o significado de proteção; isso mesmo: proteção.
Há alguns dias perdi um tio muito querido, que mesmo na clausura em que vivo hoje, sempre me fez lembrar minha infância, a amizade e as cervejinhas com meu pai, o carinho com minha mãe, e as vezes em que me encontrava e sempre me dizia o quanto me achava bonita; ele se foi e a saudade ficou. Ficou também a vontade de pegar meus primos colocar no colo e proteger.
A morte vem e arrasa a todos, apesar de sabermos que um dia ela chegará para todos nós, nunca esperamos que chegue breve, nunca esperamos que chegue para os mais novos, nunca esperamos.
É desesperador estar ali em meio a tanto sofrimento, tentar ser forte e consoladora e não saber a quem consolar primeiro: mãe, esposa, filhos, irmãos, primos, amigos... E a mim... Eu que sempre tento ser forte, respiro fundo, conto até dez, respiro novamente... Mas a dor, aquela dor, essa não some...
Tenho um sério problema com velórios, apesar de saber a importância de estar ali presente para dar o apoio necessário para quem perdeu alguém querido, eu não consigo me aproximar do caixão, tenho a mesma visão há 8 anos, vejo meu amado Robyson, qualquer que seja a pessoa, é só a ele que vejo.
Me despedir de um falecido? Nunca.
Gosto daquelas lembranças mágicas, de quando as pessoas estão vivas e felizes.
Gosto da minha avó Matilde balançando e fazendo cócegas no Nando no sofá da sala, com o carpete vermelho, gosto dela tocando órgão e me ensinando as coisas de Jeová.
Gosto do meu irmão Robyson me ajudando a passar de fase nos games, me acordando na madrugada para me contar como foi sua noite, assistindo Toma Lá Dá Cá comigo e me enchendo com aquela história de Pato Branco, gosto da risada dele e da voz.
Gosto do meu avô Idílio me dando bronca por fazer bagunça, me dando bronca por comer todas as cebolinhas da horta, discutindo futebol por seu fanatismo pelo Palmeiras.
Gosto da dona Tereza conversando baixinho, sentada na varanda, sempre doce e amável.
Gosto do meu tio Agnaldo brincalhão, sempre me elogiando, sempre divertido; esse é o tio que eu me lembro e sempre vou me lembrar.
Dizem que quando as pessoas morrem viram deuses e só bem se fala delas, mas eu prefiro assim, prefiro lembrar somente das coisas boas, de tudo que me acrescentaram, de tudo de bom que vivi com essas pessoas que me fizeram tão bem.
Nunca vou entender a morte, talvez eu nunca a aceite também, mas tenho que me conformar, me conformar que pessoas tão boas saíram da minha vida.
Cada religião tem uma explicação, cada um entende de uma forma e busca respostas para se conformar, para não sofrer tanto.
Mas eu não consigo, não sei a explicação correta, não sei em que acreditar, eu só sei que dói, queria ter o poder de tirar a dor de cada um que aqui ficou com a saudade, entretanto só o que posso fazer é ceder meu ombro para que lágrimas rolem sobre ele.
Se fosse para dar um conselho eu diria: não seja forte, chore. Chore, grite, se descabele. Libere essa tristeza que está apertando o coração e ame.
Ame infinitamente!
Ame agora!
Ame a todos!
Ame!
Porque quando a morte se aproxima já não há mais tempo para amar!
Dedico essa publicação ao meu amado tio Agnaldo que nos deixou na madrugada dessa sexta-feira dia 19 de fevereiro e a todos que perdi!
Que Deus abençoe a todos!!!
bjokaaasssss
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