Hoje quero falar de um assunto super delicado, mas essa semana não tem como não falar sobre isso.
Estupro...
No dia 25 de maio começamos a ver nas mídias sobre a adolescente de 16 anos estuprada no Rio de Janeiro, li várias barbaridades, pessoas revoltadas com o ato e pessoas julgando a menina e a veracidade dos fatos, para escrever hoje li muitas coisas em vários sites de renome; claro que a história é controversa e a própria avó da menina disse em uma entrevista que ela é usuária de drogas, que costuma frequentar comunidades e que já é mãe de uma criança de três anos, entretanto NADA é motivo para um estupro.
Não importa a roupa que a mulher vista, a forma com a qual se comporta, se está bêbada ou drogada, NADA é motivo para sexo sem consentimento.
Vi esse post hoje no face e achei sensacional:
Exatamente isso, ela só não seria estuprada se não estivesse viva, e olhe lá porque já li sobre casos de estupradores em funerárias e instituto médico legal, pessoas que tem coragem de estuprar defuntos (odeio essa palavra defunto).
Hoje queria falar sobre mim, nunca fui estuprada ou molestada, graças a Deus, porque talvez nunca me recuperaria de um golpe desses devido a minha fragilidade psicológica, mas já fui assediada, e o assédio é o primeiro passo para um possível estupro.
A primeira vez foi aos catorze anos de idade, tinha uma obra em frente à minha casa e os funcionários começaram a dizer coisas levianas e de mal gosto, corri para o trabalho dos meus pais e contei tudo, meu pai sem pensar duas vezes me colocou no carro e me levou à delegacia da mulher, dei meu depoimento e os policiais nos acompanharam até a obra, eu fui para casa e eles conversaram com os funcionários e até a obra acabar isso nunca mais ocorreu.
Mas...
... e se meus pais não tivessem ligado para as minhas queixas? E se eles tivessem achado que era bobagem de adolescente?
Tive muita sorte em ter bons e compreensivos pais.
A segunda vez em que fui assediada foi dentro do condomínio em que morava, estava caminhando com minha prima e fomos paradas por um carro, o homem nos ofereceu carona até em casa e dissemos que não queríamos, ele começou a falar coisas do tipo: mas vocês são tão bonitas e novinhas, não podem andar a pé por aí e eu respondi que confiava na segurança do condomínio onde morava. Passado alguns dias estava voltando a pé da escola e já dentro do condomínio me apareceu esse mesmo homem novamente me oferecendo carona e insistindo para que eu entrasse no carro dele, eu disse que não e que meu pai já estava vindo ao meu encontro. Dias depois estava na empresa da minha mãe e ela estava negociando um consórcio de um carro pois eu estava prestes a fazer dezoito anos e ela queria me dar um de presente e o vendedor entrou no escritório, e adivinhem quem era? Sim, era o mesmo homem que havia me assediado dentro do condomínio, na hora em que vi ele já fui falando que aquele era o homem que estava me rondando dentro do condomínio, minha mãe não fechou a venda e fez uma reclamação na administração do condomínio, descobrimos então que ele não morava lá, mas visitava clientes e aproveitava para passear.
Mais uma vez tive o total apoio dos meus pais.
Mas o pior não é quando você é assediada por um estranho, o pior é quando isso acontece dentro da sua família, e aí? Como reagir?
Na primeira vez contei aos meus pais e contei para as partes envolvidas, meu pai conversou com a pessoa e claramente as relações foram cortadas.
Na 2° e 3° vez também contei aos meus pais e recebi orientação de como agir, mas não contei para as outras partes envolvidas, porque infelizmente percebi que eu fui vista como errada, até mesmo cheguei a ouvir da primeira vez que eu não deveria ter contado. Não deveria ter contado? Como assim?
Mas o mundo é machista, as pessoas preferem viver fingindo que está tudo bem e que nada aconteceu do que encarar a realidade do que realmente está acontecendo e tentar mudar.
Eu tive muita sorte de ter pais amigos, pais com quem eu poderia falar de tudo e que sempre me protegeram.
Já cheguei a ouvir que eu tenho uma família desestruturada, mas foi por essa família desestruturada que eu nunca cheguei a sofrer um abuso mais sério, porque no primeiro indício de que algo pior aconteceria eles estavam lá como um escudo.
Por isso que peço aos pais: protejam seus filhos, sejam amigos dos seus filhos, conheçam as amizades deles, conheçam os caminhos ao qual percorrem, conheçam os ambientes que frequentam, isso não é ser controlador, é ser protetor. Prefiram que seus filhos se reúnam com os amigos dentro de casa, mas e o barulho? O que é uma noite de barulho vendo a felicidade e segurança de seus filhos para quem pode perder uma filha em uma noite fora de casa? Sejam amigos.
Mais um pequeno pedido: não confiem seus filhos à outras pessoas, estejam o máximo de tempo possível por perto, observando-os, guardando-os.
Se você tem uma história de assédio, ou algo semelhante para contar, me envie, vamos mostrar para o undo que nenhuma mulher merece ser estuprada; nosso corpo é nosso templo e ele pertencerá a quem quisermos.Fontes:
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/05/policia-identifica-um-dos-suspeitos-de-participar-de-estupro-coletivo-no-rio.html
https://www.facebook.com/empodereduasmulheres/?fref=photo
Bjokaassss
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