sexta-feira, 27 de maio de 2016

Não mereço ser estuprada

Olá, amores!

Hoje quero falar de um assunto super delicado, mas essa semana não tem como não falar sobre isso.
Estupro...








No dia 25 de maio começamos a ver nas mídias sobre a adolescente de 16 anos estuprada no Rio de Janeiro, li várias barbaridades, pessoas revoltadas com o ato e pessoas julgando a menina e a veracidade dos fatos, para escrever hoje li muitas coisas em vários sites de renome; claro que a história é controversa e a própria avó da menina disse em uma entrevista que ela é usuária de drogas, que costuma frequentar comunidades e que já é mãe de uma criança de três anos, entretanto NADA é motivo para um estupro.
Não importa a roupa que a mulher vista, a forma com a qual se comporta, se está bêbada ou drogada, NADA é motivo para sexo sem consentimento.
Vi esse post hoje no face e achei sensacional:






Exatamente isso, ela só não seria estuprada se não estivesse viva, e olhe lá porque já li sobre casos de estupradores em funerárias e instituto médico legal, pessoas que tem coragem de estuprar defuntos (odeio essa palavra defunto).

Hoje queria falar sobre mim, nunca fui estuprada ou molestada, graças a Deus, porque talvez nunca me recuperaria de um golpe desses devido a minha fragilidade psicológica, mas já fui assediada, e o assédio é o primeiro passo para um possível estupro.
A primeira vez foi aos catorze anos de idade, tinha uma obra em frente à minha casa e os funcionários começaram a dizer coisas levianas e de mal gosto, corri para o trabalho dos meus pais e contei tudo, meu pai sem pensar duas vezes me colocou no carro e me levou à delegacia da mulher, dei meu depoimento e os policiais nos acompanharam até a obra, eu fui para casa e eles conversaram com os funcionários e até a obra acabar isso nunca mais ocorreu.
Mas...
... e se meus pais não tivessem ligado para as minhas queixas? E se eles tivessem achado que era bobagem de adolescente?
Tive muita sorte em ter bons e compreensivos pais.
A segunda vez em que fui assediada foi dentro do condomínio em que morava, estava caminhando com minha prima e fomos paradas por um carro, o homem nos ofereceu carona até em casa e dissemos que não queríamos, ele começou a falar coisas do tipo: mas vocês são tão bonitas e novinhas, não podem andar a pé por aí e eu respondi que confiava na segurança do condomínio onde morava. Passado alguns dias estava voltando a pé da escola e já dentro do condomínio me apareceu esse mesmo homem novamente me oferecendo carona e insistindo para que eu entrasse no carro dele, eu disse que não e que meu pai já estava vindo ao meu encontro. Dias depois estava na empresa da minha mãe e ela estava negociando um consórcio de um carro pois eu estava prestes a fazer dezoito anos e ela queria me dar um de presente e o vendedor entrou no escritório, e adivinhem quem era? Sim, era o mesmo homem que havia me assediado dentro do condomínio, na hora em que vi ele já fui falando que aquele era o homem que estava me rondando dentro do condomínio, minha mãe não fechou a venda e fez uma reclamação na administração do condomínio, descobrimos então que ele não morava lá, mas visitava clientes e aproveitava para passear.
Mais uma vez tive o total apoio dos meus pais.
Mas o pior não é quando você é assediada por um estranho, o pior é quando isso acontece dentro da sua família, e aí? Como reagir? 
Na primeira vez contei aos meus pais e contei para as partes envolvidas, meu pai conversou com a pessoa e claramente as relações foram cortadas.
Na 2° e 3° vez também contei aos meus pais e recebi orientação de como agir, mas não contei para as outras partes envolvidas, porque infelizmente percebi que eu fui vista como errada, até mesmo cheguei a ouvir da primeira vez que eu não deveria ter contado. Não deveria ter contado? Como assim?
Mas o mundo é machista, as pessoas preferem viver fingindo que está tudo bem e que nada aconteceu do que encarar a realidade do que realmente está acontecendo e tentar mudar.
Eu tive muita sorte de ter pais amigos, pais com quem eu poderia falar de tudo e que sempre me protegeram.
Já cheguei a ouvir que eu tenho uma família desestruturada, mas foi por essa família desestruturada que eu nunca cheguei a sofrer um abuso mais sério, porque no primeiro indício de que algo pior aconteceria eles estavam lá como um escudo.
Por isso que peço aos pais: protejam seus filhos, sejam amigos dos seus filhos, conheçam as amizades deles, conheçam os caminhos ao qual percorrem, conheçam os ambientes que frequentam, isso não é ser controlador, é ser protetor. Prefiram que seus filhos se reúnam com os amigos dentro de casa, mas e o barulho? O que é uma noite de barulho vendo a felicidade e segurança de seus filhos para quem pode perder uma filha em uma noite fora de casa? Sejam amigos.
Mais um pequeno pedido: não confiem seus filhos à outras pessoas, estejam o máximo de tempo possível por perto, observando-os, guardando-os. 
 Se você tem uma história de assédio, ou algo semelhante para contar, me envie, vamos mostrar para o undo que nenhuma mulher merece ser estuprada; nosso corpo é nosso templo e ele pertencerá a quem quisermos.



Fontes:

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/05/policia-identifica-um-dos-suspeitos-de-participar-de-estupro-coletivo-no-rio.html

https://www.facebook.com/empodereduasmulheres/?fref=photo


Bjokaassss

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